Adicionado dia 26 de jun. de 2004
CONSELHO AO AMIGO LUIZ CARLOS
Renegue teu Mestre se quer que ele goste de ti... "em Zaratrusta"
Esta máxima é bem certa — a mocidade viva, forte, deve tudo ousar, deve renegar os caminhos conhecidos, deve arriscar tudo para achar sua estrada. É licito que a mocidade blasfeme, grite, implore, erre; do erro nasce em seguida nova força, porque a fé esta dentro do coração.
Só os espíritos fortes insistem na procura. Os que fogem ao sacrifício e apaixonam-se pelo fácil aplauso nunca chegarão a penetrar no mistério subjetivo das cousas, porque seus ouvidos não percebem as relações subtis que unem o mundo visível com aquele do espírito.
"Como o gênio é uma imensa paciência" a insistência continua no estudo humilde das formas, dará à criatura o segredo da essência divina das mesmas. É preciso pois fé, paciência, inteligência e intuição para se apossar, no mundo intricado das formas, daqueles elementos que serão necessários para a construção de nossos edifícios espirituais.
"Lembre-se Luiz Carlos — da espontaneidade, qualidade tão esquecida Hoje. Não procure afanosamente a forma porque nunca ele te dará a autonomia de vôo. Lembre-se das composições juvenis, aqueles temos problemas tão humanos, que faziam o encanto de suas obras.
Não esqueça Luis Carlos, que o raio de sol e transitório como o aplauso, e que o belo leva sempre a criatura a superfície; afaste-se pois deste perigoso caminho — no feio, também existe uma beleza humana que muitos desconhecem por não saberem enxergar. Não desanime em sua luta, porque sempre existem, neste mundo de negação, criaturas boas e sensíveis que acenderão um lume para você entender seus passos".
GUIDO VIARO
Texto extraído do catálogo da 1a. Mostra Individual de Luiz Carlos de Andrade Lima.
"Luiz Carlos de Andrade Lima, um expressionista exuberante sua obra revela em disfarces tudo que o sensibilizou. Foi um privilegiado em talento, cujo trabalho possui uma exigência do olhar, seduzindo literalmente o observador Sua arte ndo se entrega aos amantes apressados,exige, sim, uma longa contemplação amorosa ..." João Jocob Berberi - Diretor da Escola de Musica e Belas Artes do Paraná -1998.
"Um verdadeiro representante do desenho e do linha em toda a sua plenitude. No trato das cores, poucos possuem uma palheta tão farta e abundante, com tamanha multiplicidade de tons. Utilizando o espaço delimitado estabelece um ritmo onde os elementos se comportam e se ajustam em uma harmonia simplesmente perfeita. A obra de nosso artista maior não se resume somente às pinturas, mas, também ao desenho e à gravura, onde estes aparecem sempre ancorados na potência do seu traço...
Fernando Calderari - Artista Plástico -1998
"...sabia tirar das semelhanças umas tantas diferenças, como a de retratar os anônimos das ruas de Curitiba, fazendo de cada imagem uma espécie de crônica urbana da cidade em que nasceu. Fiel a si mesmo, Andrade Lima ficou para a história da arte paranaense como um poeta e cronista de sua terra.
Jose Carlos Fernandes - Jornalista da Gazeta do Povo -1998
"Vejo-o como um artista deslocado no tempo, um romântico, alguém com aquela visão do pintor que sai por aí com uma tela debaixo do braço. Ele se parecia aos artistas do Montmartre. Era um caso singular".
Maria Jose Justino - Crítica de Arte -1998
"O menino Luiz Carlos é maior do que o menino de Brodósqui"
PASCOAL CARLOS MAGNO - Rio de Janeiro
"... Fiel a figura quando ninguém acreditava que da sobrevivesse como objeto pictórico, LUIZ CARLOS DE ANDRADE LIMA volta agora a ser um "MODERNO", sem se esforçar absolutamente para ser "MODERNO". Continua pintando como sempre pintou. Com maior firmeza, com técnica mais
apurada, com maior energia criativa — mas fazendo o que sempre quis fazer como pintor: recriar a realidade através de sua visão pessoal e subjetiva, porem sem abolir, suprimir, ou ignorar o mundo em que nos vivemos. Por isso a sua arte e humana e, além de tudo, verdadeira.."
HÉLIO DE FREITAS PUGLIELI (1965)
"... Convicto que a sua verdade era definitiva, jamais abandonou aquela atitude independente e personalista dentro do nosso ambiente artístico, armando-se de couraça defensiva, que o protegeu e que, de certa forma o tomou imune às ultimas tendencias e modismos. 0 desenvolvimento do seu trabalho, por conseguinte, tem fluído através de uma linha sem curvas acentuadas e sem etapas diferenciais profundas. Sente-se, em toda a sua extensão, a preocupaçã em se despojar, técnica e formalmente, das fortes raízes de sua formação inicial. Parece que o conseguiu, não obstante sua fidelidade a figura, a composição e ao ''metier" pictórico que absorveu a partir dos anos cinqiienta, quando do aprendizado discilinador a que se impôs ao deixar a Escola..."
ENNIO MARQUES FERREIRA (1972)
"... A metamorfose plástica tão típica dos expressionistas, com sua carga emocional fazendo com
que formas,linhas e cores se manifestem sempre de forma pateticamente dolorosa, sem romper contudo com a figuração, e bastante característica em toda a sua obra. LUIZ CARLOS DE ANDRADE UMA pertence , a plêiade desses poucos artistas que embora usando sua linguagem contemporânea, tem a coragem de serem fieis a sua própria inspiração e por isto são marginalizados, tanto pela crítica como pelos "Salões", pois a sua independência artística é mantida num nível demasiado alto para que possam seguir os "demiers
cris" da pintura..."
ADALICE ARAUJO (1983)
"... No referente a sua técnica louvemos a pintura de LUIZ CARLOS ANDRADE UMA. Ela tem como
suporte a real chave da boa pintura, que e o desenho. Esta obra e muito mais desenho do que pintura propriamente dita. 0 seu arcabouço é a linha. Neste sentido e que e mais desenho. E o mesmo tem uma personalidade tão forte que não ha necessidade de recursos de textura. A matéria na pintura deste artista e lisa, suave, leve. Ela e decorrente do desenho. Este desenho que tem uma linha feita de lagrimas, de músculos, de nervos e ate de sorrisos, por que não? Estas particularidades são notadas nos traço das figuras desta obra. É um desenho que sufoca a força das emoções que emanam das cores dos quadros de LUIZ CARLOS ANDRADE UMA para dar as telas
um clima anímico mais profundo e um tanto misterioso.."
AURÉLIO BENITEZ (1979)
"(...) Da angústia de si mesmo, da inércia das coisas diante do inexorável, Luiz tirou a sua linguagem altamente expressiva que, por vezes, ecoa como um grito de angústia. Em suas composições o que mais chama a nossa atenção são justamente as bocas que gemem, gritam ou mesmo cerradas falam de uma dor física ou moral: pois, se a arte de Luiz Carlos é feita de drama, é nas bocas que se concentra o clímax da tragédia. A solidão mora nos desenhos de vagabundos sentados nas praças que sentem o abandono e a incomunicabilidade dos que estão sós. Na série de prostitutas, tipos tirados dessa multidão anônima e triste que fazem ´trottoir´ nas Mateus Leme de todas as cidades, desfilam as anomalias da pseudocivilização ocidental, dos que por ignorância e fome vendem seu próprio corpo e continuam sempre sós. Também Rouault, esse grande pintor católico do séc. XX, pintou uma série de prostitutas em que mostra o que há nelas de animalesco; Luiz Carlos consegue o mesmo resultado, só que, ao mesmo tempo, sente por elas uma grande compaixão. Nas composições religiosas destaca-se a ´série de coroinhas´ que atônitos em sua pureza infantil, penetram na inacessível dualidade do Kosmos e do caos, entoando suas melancólicas ladainhas - A metamorfose plástica tão típica dos expressionistas, com sua carga emocional fazendo com que formas, linhas e cores se manifestem sempre de forma pateticamente dolorosa, sem romper contudo com a figuração, é bastante característica em toda a sua obra. "
Adalice Araujo
Adalice Araújo - crítica de arte, Curitiba: Salão de Exposições BADEP, 1983.
"Poucos artistas conseguem penetrar a alma humana e representar as angústias e a solidão do homem simples, envolvido pelas tramas de uma sociedade iníqua. Despojada de qualquer erudição enganosa, a obra de Luiz Carlos de Andrade Lima traduz a sensibilidade do artista, que entregue à experiência da dor, revela com as cores da emoção uma realidade bem distante da fantasia. Com a liberdade de quem sabe desenhar e domina a técnica da pintura, as suas figuras fortes e expressivas testemunham o sofrimento e a incompreensão daqueles que, marginalizados, recebem do artista a atenção piedosa de quem compreende e denuncia. Luiz Carlos, um dos maiores artistas paranaenses, amigo dos seus amigos, amado por seus alunos, indiferente à crítica e aos críticos, mantém-se, a despeito de tudo e de todos, fiel aos seus conceitos e às suas crenças, construindo com as mãos e com o coração a verdade do seu mundo e da sua arte. "
Maria Cecília Araujo de Noronha