Paulo Cardoso
Paulo Cardoso nasceu em 1953, em Lisboa. Depois de terminar o curso de Química, frequentou o Conservatório Nacional e a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.
A sua obra pictórica abrange duas longas fases: a 1a, figurativa, até 1986, e a 2a, abstrata, desde essa data até ao presente.
Colaborou em vários espetáculos de Música, Teatro e Cinema, como cenógrafo e pintor:
• "Satie I" e "Satie II", espetáculos concebidos pela compositora catalã Constança Capdeville, Fundação Calouste Gulbenkian e Teatro de S. Luís, em Lisboa.
• "Eric Satie - Picasso" e "Stravinsky", Festival de Música dos Capuchos, Portugal.
• "O Bobo da Corte", filme de José Álvaro de Morais que obteve o Grande Prémio do Festival Internacional do Filme de Locarno, em 1987.
• "Boa Nova" no Teatro de S. Luís, em Lisboa e no Funchal.
• "Retábulo Para Uma Sinfonia", políptico para a 9ª Sinfonia de Beethoven no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, 1997, em Lisboa.
Desde 1978 Paulo Cardoso publicou trabalhos seus em Portugal, Espanha, França e Bélgica, e colaborou com depoimentos para as televisões portuguesas, brasileiras, inglesa (BBC), alemã, e mais recentemente para o Canal História.
A sua obra está representada na Coleção da Caixa Geral de Depósitos, do Banco de Fomento e Exterior, do Grupo Compta, da Itaúsa SA e do Museu da Cidade, de Lisboa.
Apresentou cerca de 32 exposições individuais e de 40 coletivas.
INDIVIDUAIS:
1987 "Uma Via Láctea à Escala Humana", Galeria OFF ZÜRI, Zurique, Suíça.
1988 "Mar Portuguez I", C.G.D., Paris.
1990 "Indícios de Ouro", Galeria de S. Mamede, Lisboa, e
" Pinturas/Diaporama", Fundação Calouste Gulbenkian, Paris, e ainda
"Mensagem", Torre de Belém, Lisboa.
1991 "Le Portugal, Carrefour du Monde au Temps des Découverts", Fundação Calouste Gulbenkian, Paris.
"Pour-Tout-Graal", Galeria Jean-Michel Taquet, Bruxelas, Bélgica.
1992 "Portugal ou a Re-União dos Quatro Cantos do Mundo", Paço Imperial, Rio de Janeiro.
1993 Claustro do Castelo de Palmela, e no SESC Consolação, S. Paulo.
1994 "T-rânsitos", T-Clube, Lisboa.
1999 "Exposição Retrospetiva: de 1973 a 1986", Mar Portuguez, Lisboa, e
"Novos Indícios", Galeria Barata, Lisboa.
1999 "Espetáculo - Luz e Som", projetado nas paredes exteriores da Torre de Belém a 31 de Dezembro e transmitido em direto para todo o mundo pela RTP Internacional, comemorando a entrada no Novo Milénio.
2001 "Pintura", Biblioteca Almeida Garrett, Porto.
2003 "Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro", Consulado de Portugal, Sevilha.
2007 "Pessoa e Sá-Carneiro", Livraria / Galeria de Arte 100ª página, Braga.
2010 "Arte e Astrologia", Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, Cascais.
2012 "Pessoa-Astrólogo", Centro Cultural, RJ, Brasil.
2013 "Pessoa-Astrólogo", Casa-Museu Fernando Pessoa, Lisboa.
"Raphael Baldaya", Casa-Museu Fernando Pessoa, Lisboa.
2014/15 "Retrospetiva", Mar Portuguez, Lisboa.
2018 "Fernando Pessoa, el Astrólogo", Feira do Livro de Madrid, Madrid.
2023 "O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas", Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa
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Classificação do artista, Biografia, Estúdio do artista:
Últimas obras • 8 obras
Ver tudoReconhecimento
O artista foi publicado na mídia, rádio ou imprensa de TV
O artista participa de mostras e feiras de arte
Exerce a profissão de artista plástico como atividade principal
Biografia
Paulo Cardoso nasceu em 1953, em Lisboa. Depois de terminar o curso de Química, frequentou o Conservatório Nacional e a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.
A sua obra pictórica abrange duas longas fases: a 1a, figurativa, até 1986, e a 2a, abstrata, desde essa data até ao presente.
Colaborou em vários espetáculos de Música, Teatro e Cinema, como cenógrafo e pintor:
• "Satie I" e "Satie II", espetáculos concebidos pela compositora catalã Constança Capdeville, Fundação Calouste Gulbenkian e Teatro de S. Luís, em Lisboa.
• "Eric Satie - Picasso" e "Stravinsky", Festival de Música dos Capuchos, Portugal.
• "O Bobo da Corte", filme de José Álvaro de Morais que obteve o Grande Prémio do Festival Internacional do Filme de Locarno, em 1987.
• "Boa Nova" no Teatro de S. Luís, em Lisboa e no Funchal.
• "Retábulo Para Uma Sinfonia", políptico para a 9ª Sinfonia de Beethoven no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, 1997, em Lisboa.
Desde 1978 Paulo Cardoso publicou trabalhos seus em Portugal, Espanha, França e Bélgica, e colaborou com depoimentos para as televisões portuguesas, brasileiras, inglesa (BBC), alemã, e mais recentemente para o Canal História.
A sua obra está representada na Coleção da Caixa Geral de Depósitos, do Banco de Fomento e Exterior, do Grupo Compta, da Itaúsa SA e do Museu da Cidade, de Lisboa.
Apresentou cerca de 32 exposições individuais e de 40 coletivas.
INDIVIDUAIS:
1987 "Uma Via Láctea à Escala Humana", Galeria OFF ZÜRI, Zurique, Suíça.
1988 "Mar Portuguez I", C.G.D., Paris.
1990 "Indícios de Ouro", Galeria de S. Mamede, Lisboa, e
" Pinturas/Diaporama", Fundação Calouste Gulbenkian, Paris, e ainda
"Mensagem", Torre de Belém, Lisboa.
1991 "Le Portugal, Carrefour du Monde au Temps des Découverts", Fundação Calouste Gulbenkian, Paris.
"Pour-Tout-Graal", Galeria Jean-Michel Taquet, Bruxelas, Bélgica.
1992 "Portugal ou a Re-União dos Quatro Cantos do Mundo", Paço Imperial, Rio de Janeiro.
1993 Claustro do Castelo de Palmela, e no SESC Consolação, S. Paulo.
1994 "T-rânsitos", T-Clube, Lisboa.
1999 "Exposição Retrospetiva: de 1973 a 1986", Mar Portuguez, Lisboa, e
"Novos Indícios", Galeria Barata, Lisboa.
1999 "Espetáculo - Luz e Som", projetado nas paredes exteriores da Torre de Belém a 31 de Dezembro e transmitido em direto para todo o mundo pela RTP Internacional, comemorando a entrada no Novo Milénio.
2001 "Pintura", Biblioteca Almeida Garrett, Porto.
2003 "Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro", Consulado de Portugal, Sevilha.
2007 "Pessoa e Sá-Carneiro", Livraria / Galeria de Arte 100ª página, Braga.
2010 "Arte e Astrologia", Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, Cascais.
2012 "Pessoa-Astrólogo", Centro Cultural, RJ, Brasil.
2013 "Pessoa-Astrólogo", Casa-Museu Fernando Pessoa, Lisboa.
"Raphael Baldaya", Casa-Museu Fernando Pessoa, Lisboa.
2014/15 "Retrospetiva", Mar Portuguez, Lisboa.
2018 "Fernando Pessoa, el Astrólogo", Feira do Livro de Madrid, Madrid.
2023 "O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas", Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa
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Nacionalidade:
PORTUGAL
- Data de nascimento : data desconhecida
- Domínios artísticos: Obras de artistas profissionais,
- Grupos: Artista profissional Artistas Portugueses Contemporâneos

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Treinamento
Valor do artista certificado
Conquistas
Publicações e Imprensa
Exposições Individuais
Atividade na ArtMajeur
Últimas Notícias
Todas as últimas notícias do artista contemporâneo Paulo Cardoso
Algumas notícias e críticas ao seu trabalho, publicadas na imprensa, em Portugal e no estrangeiro.
Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda, Sala dos Embaixadores: exposição de pintura/instalação «O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas / Brasil, África, Japão...». De Abril a Setembro de 2023.
Tentar representar o pináculo das energias dos quatro cantos do mundo é o objectivo deste trabalho de Paulo Cardoso. Ele pretende sublinhar o papel de Portugal enquanto agente na demanda do ponto de encontro das diferentes energias do planeta. Acerca deste tema refere o autor:
«Portugal teve um papel ímpar em toda a Empresa das Descobertas: para além do conhecimento das distintas paragens do globo, houve um propósito subjacente a este feito, e que é, a meu ver, a verdadeira missão espiritual dos lusitanos no mundo. Essa intenção subtil consistia na procura de uma nova unidade imaterial, de uma nova ordem, de uma congregação, ou seja, a criação de um centro de convergência das várias culturas do planeta. Em termos simbólicos, pode dizer-se que Portugal tentou transmudar o quadrado — que traduz a matéria, limitada pelos quatro elementos, pelos quatro pontos cardeais — no círculo, símbolo da unidade ancestral, imagem da harmonia, do paraíso, da essência divina (a auréola dos santos é disso um exemplo revelador). Esta atitude visando alcançar o centro traduz a essência filosófica do próprio Renascimento.
Exposição de pintura/instalação: «O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas / Brasil, África, Japão...». Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa.
Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda, Sala dos Embaixadores: exposição de pintura/instalação, com zona documental, intitulada «O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas / Brasil, África, Japão...».
Algumas reflexões do autor:
Poder usar uma sala com uma configuração oblonga para acolher a presente exposição foi algo que me entusiasmou imenso:
Um espaço com esta forma evoca o apelo sugerido pelas viagens marítimas dos portugueses em torno do globo, uma certa busca da circularidade. Como ficou dito, em termos simbólicos, o redondo, o círculo e a elipse são símbolos de perfeição, de infinitude, por oposição ao quadrado que apela ao mundo material, físico, limitado pelas quatro paredes de um compartimento, ou pelos quatro cantos do mundo terrestre. Pelo facto de no tecto deste salão estar representado o Céu, sublinha-se pois esta ideia de divino, de universalidade.
À luz desta filosofia podemos acrescentar o facto de no centro do chão desta Sala Nobre estar representada uma figura geométrica. Isso leva-nos a aludir um elemento curioso: na primeira apresentação deste projecto, em 1990, na Torre de Belém, a base da pirâmide foi posicionada no centro da Sala do último piso do monumento manuelino, aquela que possui uma atmosfera mística, espiritual, como se de uma capela se tratasse. No centro do chão axadrezado dessa sala (com toda a carga simbólica que isso evoca), e desenhada a pedra preta e branca, pode precisamente ver-se um octógono (figura que deriva do quadrado, num sentido de transcendência). Foi pois, nesse lugar especial, e que por sua vez coincide com o Eixo Vertical da própria Torre de Belém, que ficou colocada a pirâmide ora apresentada.
Na actual apresentação no Palácio Nacional da Ajuda, além do piso da Sala ser igualmente enxaquetado, a pedra preta e branca, o elemento que está desenhado no seu centro é precisamente um grande quadrado. Ele está ali como que apto para receber a dita escultura. Esta configuração semelhante em dois dos mais icónicos monumentos portugueses, esta sincronia nas linguagens estéticas de épocas tão diversas (com três séculos de distância) pode induzir-nos a interpretar, subtilmente, de que se tratam de sinais de que estamos no processo de poder alcançar o 5o elemento, a esfera de Ouro colocada no cume da pirâmide, que por sua vez apela ao umbral do V Império, estatuto espiritual tão caro a Vieira, como a Bandarra e a Pessoa.
Visita Guiada à exposição de pintura/instalação, com zona documental, intitulada «O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas / Brasil, África, Japão...». Palácio Nacional da Ajuda, Sala dos Embaixadores, Lisboa. Entre Abril e Setembro de 2023.
Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda, Sala dos Embaixadores: inauguração da exposição de pintura/instalação, com zona documental, intitulada «O Ouro Imaterial das Navegações Portuguesas / Brasil, África, Japão...». Abril a Setembro de 2023.
Texto sobre a obra de Paulo Cardoso escrito por Ana Maria Alves, Professora na Universidade de Lisboa.
Cartografia das Sensações
As tintas e os astros
"Talvez a pintura de Paulo Cardoso venha a ser prejudicada por ele também ser astrólogo. Ninguém se lembraria de querer saber se um pintor de naturezas mortas é produtor de peras e maçãs ou industrial de garrafas. Mas muita gente só vê peras e maçãs nas peras e maçãs pintadas nas naturezas mortas, e ao ver os quadros de Paulo Cardoso, não dizem que representam o Cosmos, como se alguém já tivesse visto o Cosmos. Partidas que a arte prega a quem se fia nas aparências.
De que se trata afinal? Do Universo? Mas qual? No fundo destes “Universos” há sempre um espelho e também um Autorretrato de quem os fez. Cada Universo esconde e revela outros Universos. Multiversos, afinal; e quem os encontra faz por isso mesmo parte deles, está implicado, influi.
Outra aparência que ilude: a de que este fervilhar genético, cósmico, está de algum modo associado ao Caos. O Caos não existe, nem no espaço da pintura nem, menos ainda, na cabeça deste pintor. Se há coisa em que um Astrólogo não acredita é no Caos e esta pintura é o pintor exposto ao avesso: as suas entranhas – os seus Céus – de fora, e ele por dentro. O que vemos é o interior de uma emoção, de um pensamento. Se continuarmos a olhar, a olhar, entramos nela como Alice pelo espelho e sairemos por qualquer lado, os mesmos, mas já outros e sabendo pelo menos que o Caos é apenas o nome que damos às coisas antes de as entendermos.
Não se ceda também à tentação de ver mapas no que parecem ser mapas. Não está lá mapa nenhum, apenas uma cartografia das tentações. Assinalaram o percurso das descidas aos Infernos. Onde ficam eles? Consultem-se os “mapas”: no mesmíssimo lugar dos Céus, mas ANTES: dentro do homem, do seu tamanho, mas antes de ele saber quem é.
Entre o Inferno e o Céu não há espaço, há só tempo, e é tempo o que vemos assinalado nestas cartografias que incomodam porque estão aqui e nós estamos a vê-las e, todavia, não podemos propriamente ir lá.
Quem é Paulo Cardoso? Um discípulo de Pollock mil anos depois? De Bosch, dois mil anos depois? Os seus quadros são belos..."
"...O que eu sei é que os objetos estão aqui e são irredutíveis. Estão pregados na parede e deles não se despregam os olhos. Olhamo-los ou, mais exatamente, vamos entrando neles, ou eles em nós, e assim começa uma viagem que não sei se é para fora se para dentro, se ao Universo das estrelas se ao dos átomos, se ao da matemática se ao da música, se ao da placenta se ao Sétimo Céu.
Entretanto, estaremos sempre em Lisboa onde, sejamos realistas, o mais provável seria que não estivesse a acontecer nada. E, no entanto, à nossa frente, irrecusáveis, estão umas quantas telas e uns quantos desenhos que assinalam um percurso. Percurso filosófico? Talvez. Estético? Sem dúvida. Mas mais. Esta arte que é feita de trabalho manual, tinta, sabedoria das coisas, tem também a marca de quem, em tudo, procura o perfeito, o completo, o finalmente apaziguado. Ou seja: a Santidade."
Ana Maria Alves *
* Professora na Universidade de Lisboa.
Texto crítico publicado num jornal português por António Martins Gomes, Professor na Universidade Nova de Lisboa.
Mário de Sá Carneiro, «Partida» in Dispersão
Voltou a hora de Mário de Sá Carneiro, poeta da geração do Orfeu, ser perdido na nostalgia do passado, na melancolia do presente, na frustração de desejar amar sem ter a quem, embora a sua vontade de recomeçar se aviste por vezes no horizonte («cinja-me de novo a grande esperança,/E de novo me timbre a grande Luz!»). Foi Paulo Cardoso quem o ressuscitou, através de 14 telas homogéneas executadas em técnica mista, e que aludem ao livro de poemas Indícios de Ouro, publicado pela primeira vez em 1938 graças à revista «Presença».
Paulo Cardoso já havia realizado em finais de 1986 uma exposição em Paris que assinalou a data da morte de Fernando Pessoa no ano da memoração do centenário do seu nascimento, a qual era constituída por pinturas relacionadas com poemas que constituem o livro Mensagem.
Tal como acontece com a atual exposição – estas 14 telas patentes no espaço da galeria de S. Mamede ilustram quadras dos 30 poemas do livro Indícios de Ouro. E estas telas são sonhos luminosos, manchas de cor que perduram na eternidade do infinito, luzes de sol e luares filtrados na poesia longínqua do caos. E há o oiro, sempre a cor alquímica do sonho totalizante do espírito, há o convite perpétuo de mergulho na quintessência suprema. Para lá, mais para além, estão as obsessões mais vivas de Mário de Sá Carneiro – os castelos do medo, o frio imenso, a visão da carne e do sexo, a escadaria silenciosa, os espelhos quebrados, os grandes voos virtuais e solitários, e novamente o castelo e a vida a rodopiar, tal como as tintas das telas, em verdes cristalinos, em vermelhos opacos, em azuis esmorecidos.
O abstracionismo das telas de Paulo Cardoso (lembrando, por vezes, o cromatismo mexicano Navarro) descreve a cor da obra do Poeta que nunca deixa de estar presente; as suas telas são fragmentos do universo do Poeta predestinado ao suicídio só para que se cumprisse o bater das latas, o romper aos saltos e aos pinotes no círculo que o próprio Destino acaba por fazer cumprir. Nas telas de Paulo Cardoso misturam-se ambares flutuantes, miragens de cristais, formas rosas sejam eles pintados a «ripolin» ou vindos de reflexos de lagos luarentos onde as esfinges tardam tal como a alma tarda em regressa ao seu ser.
Mas as telas de Paulo Cardoso não escapam à sua condição mimética de ilusões fingidas, de mentiras em formas efémeras que se transformam num instante: onde havia um Rei, nada mais resta que um pobre pajem; onde haviam amontoados de cor e alvoroços de luz, resta agora apenas uma fria luz silenciosa («Ai, as cores nunca viveram…»). O pano cai, o ator tira a máscara, e o poeta conta a sua hipodiegese:
(Que historia de Oiro tao bela
Na minha vida abortou:
Eu fui herói de novela
Que autor nenhum [empregou…»)
Parabéns, Paulo Cardoso, por esta «Apoteose»…
António Martins Gomes *
* Professor na Universidade Nova de Lisboa.