Adicionado dia 24 de fev. de 2017
A BELEZA
A Igreja acredita que um dos caminhos de procura de Deus e de preparação profunda a um encontro com Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 45,3), seja a experiência de encontro com a beleza que provoca impacto, por mais simples que ela seja. Sobre isso, Papa Paulo IV na conclusão do Concílio Vaticano II (CVII) na Mensagem aos artistas, diz que:
O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração. E isto por vossas mãos. (PAULO VI, 1965)
A arte, mesmo não sendo a beleza em si, se tornou para o homem um caminho de encontro com o belo, pois é sua expressão e suscita diversas emoções, estupor, silêncio, êxtase, a quem entra em contato com ela. Segundo Rodrigo Duarte:
Da admiração pela Natureza adveio a sensibilidade voltada para a harmonia de todos os estímulos (cores, sons, formas, etc.). Todo nosso senso de beleza (tanto diante das coisas naturais como das criadas pelo homem) adveio, provavelmente, desse sentimento de admiração. Na esteira dele, a humanidade entendeu muito cedo que ela também poderia ‘produzir’ a beleza, e é por isso que a atividade artística se configura, desde a Pré-História, como um dos principais indicadores da presença humana no mundo. Deve-se, entretanto, ter em mente que esse tipo de produção ainda não tinha o mesmo significado que atribuímos, hoje, ao termo ‘arte’. (DUARTE, 2012, p. 11)
Sendo assim, a arte faz parte da história da humanidade desde a pré-história e desde então ocupa lugar de grande importância em todas as civilizações. Mesmo assim até o século XVIII não se havia criado uma palavra que nomeasse o estudo sobre a arte e seus efeitos (ARANHA; MARTINS, 2009):
(...) a humanidade entendeu muito cedo que ela também poderia “produzir” a beleza, e é por isso que a atividade artística se configura, desde a Pré-história, como um dos principais indicadores da presença humana no mundo. Deve-se, entretanto, ter em mente que esse tipo de produção ainda não tinha o mesmo significado que atribuímos, hoje, ao termo “arte”. Um indício desse fato é que a palavra grega “arte” é tékhne, cujo parentesco com nossa palavra “técnica” é bem evidente e aponta para certa indistinção entre o que agora chamamos “belas artes” e a produção de artefatos em geral. (DUARTE, 2012, p. 12)
Foi o filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762) que utilizou pela primeira vez o termo “estética”, palavra que vem do grego aísthesis e se refere à capacidade de sentir, no referimento ao estudo sobre a percepção da beleza e suas manifestações através da arte. (DUARTE, 2012). Para Baumgarten a lógica se integra à estética que através da sensibilidade coordena a capacidade do conhecimento. Ele define beleza estética como “perfeição – à medida que é observável como fenômeno do que é chamado, em sentido amplo, gosto” (BAUMGARTEN apud HUISMAN, 2001, p.123). É no estudo da estética que se pretende alcançar o conhecimento captado pela experiência sensorial e da percepção sensível para atingir uma compreensão diferente da obtida através da ciência lógica e matemática, que partem da razão. (ABBAGNANO, 2012, p. 426)