Kilma Coutinho

Sobre a minha Arte Surda O meu primeiro contato com a Arte foi aos 6 anos deidade. Eu me recordo que a minha mãe brincava bastante comigo por meio de desenhos. Isso me aguçava bastante e, a partir disso, eu comecei a desenhar e expressar as minhas emoções e sentidos/significados da minha vida e de outros ao meu redor na materialização dos desenhos. Todos os dias eu desenhava, era aminha forma de expressividade, aliás, nesse período, eu não sabia escrever e nem ler. Mais adiante, eu fiz dois cursos de pintura, masos tranquei. O motivo foi a falta de comunicação, principalmente, quando os professores ensinavam a Teoria da Arte, mesmo tendo tido a prática com desenhos e as aplicações das cores, o que me interessava era entender o porquê eu deveria utilizar essas expressividades nas materializações dos desenhos. Até tive duas professoras ótimas e que tentavam me ensinar, mesmo que pela gestualidade, mas eu não conseguia entender bem o que me passavam como informação. Outro fator determinante para que eu trancasse os cursos era porque sempre ensinavam o básico do desenho, por exemplo, desenhar formas geométricas e paisagens(praias, lugares, florestas). Não era isso o que eu queria e não me sentia bem nestes espaços. Era diferente, tanto em relação à expressividade, quanto sobre os aspectos socioculturais. Eu só queria conhecer a Teoria Geral da Arte e sua aplicabilidade, mas não foi possível, pois não havia interação em Libras. Continuei me inspirando e trabalhando com os desenho se as pinturas. Sempre trabalhei com a Arte, pois é a minha vida, é o meu tempo, é a minha natureza. Afirmo, sim, sou uma artista.

Acredito que o Tempo é Arte. Alguns me perguntam: “o que é a Arte Surda?”. Eu respondo: “é a minha cultura”. Ou seja, é a forma como nós surdos e surdas percebemos o mundo ao nosso redor e dentro de nós! Às vezes, é simplesmente a expressão e a libertação de nossa subjetividade surda. As minhas criatividade se expressividades partem da referência da arte e cultura surda, com um mundo bem diferente, com pinceladas de cores que ilustrem a vida e a minha visão do mundo. Em minhas pinturas, a técnica aplicada são de bastantes cores e com camadas, em sua superfície, inspiradas no Cubismo. Aliás, vale lembrar que completamos, no ano de 2022, os 100 anos da Semana da Arte Moderna, um marco do modernismo artístico brasileiro. Vocês se lembram do que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922? Ali começar amas nossas expressividades, os nossos traços, as nossas inspirações, a brasilidade. Na minha brasilidade surda, uso um papel, uma tela. Aqui ,são os espaços que manifesto a minha arte, a minha cultura, aminha história. Dessas Artes soltam mãos. Das orelhas saem flores. Essas são as representatividades surdas em minhas artes. A Arte Surda é uma forma de poder e de possibilidade de aproximação das pessoas surdas. Em um simples papel é possível desenhar a Comunidade Surda.

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