curumim.jpg Desenho por Ana Livia Adriano

Cada criatura é um rascunho a ser retocado sem cessar (Guimarães Rosa). A obra de Luiz Antonio Marangoni dialoga proficuamente com essa afirmativa; com as incompletudes e plenitudes do humano e de suas elaborações singulares e coletivas. Os rascunhos impressos pelos homens e, principalmente, pelas mulheres de carne e osso impressionam este artista. Em seus riscos – disformes e, por isso, originais – imprime movimentos únicos. Amante da sétima arte (área na qual acumulou estudos), suas telas e desenhos podem nos conectar a cenas e personagens cinematográficos. De acordo com o psicanalista Miguel Sayad, em Marangoni “há a sublimação em estado bruto; a salvação pela pintura.”
A arte enquanto autoconsciência dos homens provoca sentidos à existência à medida que potencializa o belo e produz uma consciência histórica. Sob essa assertiva, os artistas devem dialogar com “o aqui e o agora”, não tergiversar o real. Nesse sentido, apresentamos mais uma peculiaridade da produção de Marangoni: o seu traço contemporâneo. Fascinado pelo seu tempo, transitou pelos diversos percursos da estética, sem se furtar de compreender as exigências e potencialidades. De forma ousada, combinou moda, cinema, fotografia, literatura e artes plásticas na icônica Veste Sagrada. Localizada em Ipanema, no inicio dos anos 70, esta boutique produziu irreverência e excepcionalidade expondo trabalhos de artistas renomados, os quais se constituíram referencias para Marangoni, tais como Artur Bairro, Angelo de Aquino, Adriano de Aquino, Antonio Dias, Roberto Magalhães e tantos outros contemporâneos, como fotográfo Miguel Rio Branco, o diretor de cinema Antonio Carlos Fontoura, escultura e joalheira de Marcio Mattar e Caio Mourão.
Adriano de Aquino, artista plástico e grande amigo de Marangoni, escreveu certa vez que para Maranga “ o uso do papel reciclado, as sobreposições com os papeis corrugados e o nanquim são intrinsecamente acoplados a sua refinada concepção estética”. Liberdade talvez seja o elemento síntese da obra de Marangoni. A liberdade desejada, possível, transgressora, ingênua... liberdade de si e do outro, das prisões e convenções que esta sociabialidade reitera e só a arte potencializa rupturas e resistências. Para Marangoni, pintar é alastrar as possibilidades da existência.

• Nacionalidade: BRASIL
• Data de nascimento : data desconhecida
• Domínios artísticos:
• Grupos: Artistas Contemporâneos Brasileiros