Autodidata, Simone Ribeiro direciona seus estudos para aspectos socioculturais brasileiros, especialmente os do interior de Minas Gerais, que lhe são mais próximos. Tais celebrações em Minas Gerais, segundo alguns historiadores, estão relacionadas aos seus aspectos regionais, incluindo o geográfico, que levaram os antigos cidadãos a viver cercados pelas montanhas, em um isolamento natural.
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Durante o período aurífero, a corrida do ouro atraiu para Minas mercenários de todas as partes, trazendo consigo suas distintas origens culturais. Por essa razão, as atividades de mineração tiveram grande influência na construção do contexto socioeconômico local; ocorreu uma verdadeira simbiose cultural.
À medida que as cidades mineiras se democratizavam com o resto do mundo, em comparação com as cidades litorâneas, Minas oferecia aos seus cidadãos e aos recém-chegados palcos para que ensaiassem suas danças, peças teatrais e praticassem sua religiosidade.
Ora, essa interação cultural pode ser encontrada, em parte, na quadrilha – trazida dos salões de baile europeus –, nas congadas – trazidas da África e de outros lugares –, na religião dos colonizadores, mesclada às crenças dos índios e dos negros africanos, e também no barroco mineiro – baseado no barroco espanhol – que teve Aleijadinho como seu maior mestre. O comportamento típico do povo mineiro também é destacado, com certa introspecção e timidez, mas sem esconder a afetuosa receptividade ao receber os visitantes.
Toda essa experiência, captada pela artista, pertence ao seu íntimo, ao cotidiano de sua terra natal. Ela chama a atenção para os mineiros que, apesar de cercados por conflitos globais, não perdem a essência nem a alegria de viver e buscam momentos agradáveis para o dia a dia em suas manifestações culturais de raiz.
Uma obra só pode ser considerada bela quando o artista consegue transmitir o que carrega em sua alma...
É assim que Simone retrata em suas pinturas – verdadeiros caleidoscópios – a simplicidade e a alegria de viver das pessoas. Com a ajuda de um traço firme e uma explosão de cores, ela busca despertar os sentimentos do observador, levando-o a investigar suas emoções decorrentes do tema. Simone busca a perplexidade do apreciador de arte nessa atmosfera repleta de contradições sociais. E afirma, despretensiosamente:
“Minha pintura é, com certeza, mais do que eu sou. Não crio nem copio nada; tudo o que faço é trazer para minhas pinturas o que considero ser a natureza, a inocência e a alegria sincera das pessoas, que se aprimoram e se transformam sem desconsiderar suas raízes”.