Por que temas de paisagens nos fazem sentir bem?

Por que temas de paisagens nos fazem sentir bem?

Olimpia Gaia Martinelli | 3 de jun. de 2025 8 minutos lidos 1 comentário
 

Por que gostamos de olhar para o verde? Por que um prado, uma floresta ou até mesmo o farfalhar das folhas ao vento nos trazem paz? O que há na natureza que acalma nossos sentidos, relaxa nosso olhar e nos ajuda a respirar mais livremente — mesmo que seja apenas por meio de uma imagem?...

Pontos-chave

  • O verde acalma a mente e o corpo: observar a natureza — mesmo em uma pintura — ajuda a reduzir o estresse e promove o bem-estar mental.

  • Uma conexão primordial: a natureza é de onde viemos, nossa origem e nosso refúgio. As paisagens evocam uma sensação de "voltar para casa".

  • Paisagem como espelho da alma: Desde o Renascimento (por exemplo, Leonardo), a natureza na arte tem sido usada para expressar emoções interiores e mistério.

  • Do pano de fundo ao tema principal: com o Romantismo e o Impressionismo, a paisagem deixa de ser apenas um pano de fundo — ela se torna a verdadeira protagonista.

  • Um refúgio visual na vida moderna: em uma era de concreto e telas, paisagens pintadas oferecem um espaço para respiração e contemplação.

  • Arte como oxigênio visual: paisagens verdes na arte nos lembram do que estamos perdendo — e nos convidam a nos reconectar com a natureza.

  • Contemplar o verde é terapêutico: observar obras de arte com temas da natureza desacelera nossos pensamentos, alivia a ansiedade e proporciona uma pausa regenerativa.


Por que gostamos de olhar para o verde?

Por que um prado, uma floresta ou mesmo apenas o farfalhar das folhas ao vento nos trazem paz?
O que há na natureza que acalma nossos sentidos, relaxa nosso olhar e nos ajuda a respirar melhor — mesmo que seja apenas por meio de uma imagem?

A resposta não é apenas científica — embora agora saibamos que o verde ajuda a reduzir o estresse e estimula o bem-estar mental — mas também profundamente emocional e visual.
A natureza é de onde viemos, nossa origem e nosso refúgio. E talvez seja por isso que, na arte, as paisagens sempre falaram diretamente ao coração, mesmo quando aparecem apenas como um detalhe de fundo.

Veja a Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Todos se concentram em seu sorriso enigmático, mas o que se esconde por trás dela?
Uma paisagem misteriosa feita de vales sinuosos, rochas, rios, pontes e caminhos tortuosos.
Essa natureza irreal, quase onírica, não é apenas um pano de fundo: é um reflexo da alma humana, uma projeção do mistério interior.
Leonardo foi um dos primeiros a entender que a natureza poderia desempenhar um papel emocional, quase psicológico, na arte.

Nos séculos seguintes, a paisagem ganhou cada vez mais destaque. Com o Romantismo e o Impressionismo, finalmente se tornou protagonista.
Uma figura central não era mais necessária: eram a luz, a água e o céu que contavam a história.

E hoje, qual o valor de olhar o verde em uma pintura?

Numa época em que vivemos cercados por muros de concreto e telas brilhantes, o verde de verdade está se tornando cada vez mais raro. Não o vemos mais das nossas janelas; às vezes, nem pisamos na grama por dias.
E, no entanto, talvez por isso mesmo, quando o vemos numa pintura, paramos. Por quê?

Talvez porque, só de olhar, a paisagem nos oferece um refúgio. Não só da cidade, mas do frenesi, da ansiedade, da desconexão.
Em uma era em que a natureza é ameaçada pelas mudanças climáticas e pelo nosso próprio estilo de vida, obras de arte icônicas — como um prado de Monet, um campo de Van Gogh ou uma paisagem onírica de Leonardo — tornam-se mais do que simples imagens: são oxigênio visual.

Hoje, a pintura de paisagens tem um valor agregado inegável.
Por um lado, nos conforta, ajudando-nos a escapar da rotina cinzenta e barulhenta. Por outro, nos questiona:
Para onde foi todo esse verde na sua vida? Você ainda consegue reconhecê-lo, desejá-lo, protegê-lo?

Talvez amemos olhar para o verde simplesmente porque precisamos dele.
Porque nos lembra de um tempo mais lento, mais humano, mais íntimo.
Porque nos dá a sensação de voltar para casa — mesmo que apenas com os olhos.

Rincón del jardín III (2021) Pintura de Juan José Molina Gallardo

Terapia visual: contemplando o verde na arte

Vamos da teoria à prática, com cinco obras de arte atualmente disponíveis no ArtMajeur by YourArt, onde o verde guiará você em uma jornada visual e meditativa — profundamente relaxante e contemplativa em espírito.

Então, pare.
Respirar.
Deixe seu olhar suavizar, deixe seus pensamentos desacelerarem.
Sem pressa, sem barulho. Só cor, luz, respiração — e os tons essenciais dos prados e jardins.

1. Rincón del jardín III de Juan José Molina Gallardo

Nesta pintura, nos encontramos em um canto escondido, quase secreto, de um jardim florido. A vegetação é densa, viva e sensual: o verde domina em uma infinidade de tons profundos e vibrantes, interrompidos apenas por flores rosa-claro, como sussurros. A água parece filtrar-se pelos galhos, como se a luz estivesse chovendo. As grandes folhas em primeiro plano — talvez uma monstera — erguem-se em toda a sua majestade tropical, convidando o olhar a parar, respirar e permanecer.

Juan José Molina Gallardo é um pintor espanhol que trabalha com dedicação em séries temáticas. Sua pesquisa artística se baseia na observação lenta e no estudo paciente da natureza, do tempo e da luz. A série "Um ano no jardim" é um diário vegetal poético, nascido do desejo de capturar na tela tudo o que nasce, cresce e murcha em um jardim.

Relaxe: sente-se perto de uma janela, deixe a luz natural entrar, tome um chá de jasmim e contemple esta obra de arte como se estivesse caminhando entre suas folhas. Deixe-se acariciar pela folhagem. Esqueça o tempo.

Saône et saules (2024) Pintura de Thierry Gautheron

2. Saône et saules de Thierry Gautheron

As margens do Saône se abrem para um cenário luminoso e tranquilo, onde pegadas na grama úmida conduzem o olhar para um grupo de árvores suavemente inclinadas sobre a água. Os traços pintados à faca criam um movimento quase musical, à medida que o verde se funde com os reflexos prateados do rio e os vislumbres do ar.

Thierry Gautheron, pintor da Borgonha, tem uma profunda conexão com sua terra natal. Suas paisagens são viagens em direção à luz, aos tons sutis dos vinhedos, ao ritmo lento da natureza circundante. Influenciado pela pintura ao ar livre e pela beleza espontânea do mundo rural, Gautheron oferece uma visão da natureza como um refúgio mental e um espaço de serena alegria.

Relaxe: recoste-se na cadeira, escolha uma música instrumental lenta — talvez com o som da água ou do vento — e deixe o verde levá-lo pela margem do rio, livre de pensamentos.

Jardim (2022) Pintura de Sergej Pisarenko

3. Jardim de Sergej Pisarenko

Há algo onírico e suspenso neste "jardim". As árvores se entrelaçam em uma névoa delicada que não obscurece — acaricia. A atmosfera é úmida e verde, como um lugar de memória. Talvez seja um sonho de infância ou um refúgio mental onde o tempo não existe.

Sergej Pisarenko é um artista bielorrusso cuja obra gira em torno da ideia do "lar interior". Para ele, a pintura é uma busca silenciosa, uma busca pelo lugar ideal onde o espírito possa habitar. A arte não é uma imitação da realidade, mas a criação de um espaço emocional onde cada espectador pode encontrar sua própria verdade.

Relaxe: acenda uma vela perfumada, sente-se em silêncio e deixe que esta obra de arte o transporte para outro lugar. Não há nada para entender — apenas sinta.

Kodama (2024) Pintura de Clotilde Maillard

4. Kodama de Clotilde Maillard

Uma árvore se curva em um gesto plástico e harmonioso, como se dançasse no silêncio de uma floresta sagrada. A atmosfera é quase espiritual, habitada por presenças invisíveis: os kodama , espíritos benevolentes da mitologia japonesa, parecem habitar cada folha, cada galho, cada sombra. A composição tem algo de teatral e meditativo, com fortes contrastes entre luz e escuridão.

Clotilde Maillard, artista francesa de formação clássica e espírito contemporâneo, é conhecida por sua versatilidade técnica e pela sensibilidade com que transforma o ambiente em símbolo. Em suas obras, a paisagem nunca é apenas um pano de fundo: é sempre uma narrativa. Kodama é uma homenagem à vida invisível que habita a natureza.

Relaxe: sente-se com as costas retas, inspire lentamente e imagine-se em uma floresta. Deixe que os espíritos da natureza o protejam — mesmo que por apenas um instante.

Pradaria (2024) Pintura de Frederic Wioland

5. Pradaria de Frédéric Wioland

Linhas suaves, colinas silenciosas, árvores como pensamentos delicadamente dispostos na paisagem. Esta obra é uma sinfonia suave de verdes e azuis, onde nada é forçado — tudo flui de forma simples e natural. O contraste entre luz e sombra cria uma profundidade suave, como um devaneio.

Frédéric Wioland é um pintor francês formado pela Escola de Artes Decorativas de Estrasburgo e dedicou sua carreira à arte da pintura de paisagens. Em sua obra, a natureza se torna um espaço mental e contemplativo, um convite ao silêncio interior. A pradaria não grita, não surpreende: ela acolhe.

Relaxe: escolha uma poltrona confortável, segure um chá de ervas morno nas mãos, olhe para esta pintura e imagine o vento soprando suavemente entre as folhas. É tudo o que você precisa agora.


Feche os olhos. Respire novamente.
Seja um jardim secreto, uma margem tranquila de um rio, uma floresta sagrada ou um prado luminoso, a arte das paisagens verdes nos leva para casa. Para dentro de nós mesmos.
Ela nos lembra que mesmo na imagem, mesmo na distância, podemos encontrar a conexão novamente.
Com a natureza. Com o tempo lento. Com a parte mais viva e humana de nós mesmos.

Deixe o verde passar por você.

Descubra a seleção de paisagens verdes

Perguntas frequentes

1. Por que olhar para o verde nos relaxa?
O verde tem benefícios neurofisiológicos comprovados: reduz a pressão arterial, reduz a ansiedade e aumenta a serotonina. Também desperta memórias de ambientes seguros e sustentáveis do nosso passado evolutivo.

2. A paisagem sempre foi importante na arte?
Nem sempre. Muitas vezes, era um elemento de fundo. Leonardo foi um dos primeiros a reconhecer seu poder emocional, mas somente com o Romantismo e o Impressionismo se tornou o tema central.

3. Uma pintura pode realmente ter um efeito relaxante?
Sim. Até mesmo a simples imagem de uma paisagem pode produzir efeitos calmantes: desacelera o pensamento, estimula a memória sensorial e traz uma sensação de paz.

4. Por que precisamos de paisagens na arte agora mais do que nunca?
Como vivemos em ambientes artificiais e acelerados, a arte paisagística proporciona um espaço mental para o silêncio, a lentidão e a reconexão com a natureza perdida.

5. O que uma paisagem pintada nos diz?

A pergunta é: para onde foi todo o verde da sua vida? Você ainda consegue vê-lo, ansiá-lo, protegê-lo? Não é apenas uma questão estética — é também ética e existencial.

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