Flâneur (2020) Peinture par Sandra Filardi

O século XIX viveu uma experiência de grande expansão urbana. Cidades como Londres e Paris cresceram em uma escala sem precedentes e deram origem à novos modelos de vida urbana. O poeta francês Charles Baudelaire (1821 – 1867) escreveu que nas cidades modernas nos tornamos andarilhos, daí surgiu o termo "flanêurs”.
Através de um olhar estrangeiro, os "flanêurs" andavam pelas ruas, pelos espaços escondidos das cidades, fazendo eles parte, mas a parte no cenário urbano, apenas observavam e caminhavam lentamente como quem olha pela primeira vez.
Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Walter Benjamin (filósofo judeu alemão, 1892 - 1940) escreveu que o flâneur era o símbolo da modernidade entrando na vida urbana. "Eles não andam para conseguir algo, ou para ir para algum lugar, nem para fazer compras (que é o mais próximo que nós atingimos desse ideal de Baudelaire). ‘Flanêurs’ estão deliberadamente opostos à sociedade capitalista e aos seus dois lemas: estar com pressa e comprar coisas."
No século XXI, muitas podem ser as descobertas, reflexões, imagens, encontros e desencontros que a figura de "flanêurs" pode revelar. Há muitas formas de perceber e estar no mundo, explorar possibilidades é uma escolha individual. O que resulta disto é o sabor da descoberta de quem caminha devagar observando a vida e a cidade, o entendimento e a leitura é de foro íntimo.

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