João Feijó
José Manuel Álvarez Enjuto, Crítico de arte y doctor en Bellas Artes
JOÃO FEIJÓ, ENTRE LUZES
É muito normal que os autores que vivam perto do mar, a luz e a cor abundem na maior parte das suas obras, como também o retrato da vida quotidiana dos que o rodeiam, o dia-a-dia calmo e sereno dos cidadãos. São estas cenas simples e habituais do amanhecer de cada dia que ilustram os seus trabalhos. Pequenas sequências em curtos relatos desses sucessos, repetidos uma e mil vezes de forma semelhante, um prazer infinito que se traduz numa linguagem plástica, vizinhos sentados em velhos bancos nas praças tradicionais, aproveitando o sol do dia, ruas desertas que servem como modelo de uma cidade abandonada, fachadas de casas emblemáticas, entardeceres campestres, amanheceres literários. Em todos estes momentos revela-se um carácter particular mostrado através de uma interminável série de fundos.
A obra de João Feijó percorre esta narrativa de influência, tanta que não pára de investigar e experienciar qual a melhor maneira de registar todos os acontecimentos que o envolvem em cada jornada, se através das texturas dos acrílicos, se perante a liquidez do óleo, se pela instantaneidade da fotografia, se pela modelação da acção digital, pela sua imponência tridimensional, se pela poesia das aguarelas. Em qualquer caso, nada é ocultado nas diversas tentativas de recrear os que o cercam, a vida repleta de luz frequentemente causada pela ligação de cores.
Estamos, assim perante um pintor no seu exercício peculiar.
Março de 2009