A manichean essay (2024) Pintura por Devonmeert

Esta obra é o resultado de uma composição de uma pintura acrílica em tela e uma pintura acrílica em uma placa de um material sintético, sendo que essa placa foi colada na tela. Para além do acrílico, carvão de várias cores e outros materiais foram usados. Esta obra é o resultado de uma composição que seguiu um espírito de improvisação e “pathos”, o que pode explicar por que aí se evidencia um aspecto expressionista – ela resultou mesmo de alguma agressividade. Mas, nem por isso é resultado arbitrário. Mais do que os caprichos de uma mão que compõe e pinta abstracto, esta obra tem motivos no concreto das preocupações morais de um criador que, por algum tempo, foi com essas preocupações pessoais, um espírito dialogante com o maniqueísmo, e sentiu como se fosse maniqueu, o aspecto problemático da sua existência ou do seu lugar em um mundo de pólos antagónicos, muitas vezes contraditórios, e onde ele entre eles sobrevive com a consciência de que tanto participa inexoravelmente da natureza virtuosa como da natureza viciosa dessas realidades de que admite ser parte, mas onde, talvez porque disso está consciente, sente ânsia como alguém que não acredita como questão de fé, na incompatibilidade das suas naturezas, e no remédio para resolver o que parece ser o equívoco de existir materialmente, em existir asceticamente, trabalhando unicamente na elevação do espírito.

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