Alexandre Rola nasceu e trabalha no POrto, Portugal. Expõe regularmente desde 2001.
A natureza do processo criativo de Alexandre Rola assenta na apropriação, descontextualização e reinterpretação de objectos humildes e pouco convencionais existentes do quotidiano como a utilização dos cartazes publicitários que invadem as nossas cidades sem pedir permissão.
Vagueia pelas ruas como um Flâneur, observa, fotografa, rasga e arranca a “pele” urbana constituída por camadas de cartazes publicitários como mapa antropológico, palimpsestos de marcas, intervenções anónimas como na Arte Rupestre. O acto de arrancar cartazes é um protesto por si só. Uma apropriação do real com toda a sua componente sociológica que advêm dessa acção, a morte do Narciso contemporâneo. Uma apropriação que desconstrói a publicidade.
Partindo de operações de deslocação, reminiscência dos ready- made, os cartazes contêm o gesto de arrancar em si mesmo. Há, por um lado, uma aprendizagem da matéria e uma preocupação com a história representada no desgaste do material e, por outro, o artista oferece-nos uma visão cúmplice, mas simultaneamente crítica da sociedade contemporânea, diminuindo o fosso entre a arte e a vida.
O artista intervém na superfície de um modo palimpséstico, num jogo de sedução com o acaso, um encontro com o real onde a arte se aproximam á vida. Surge um fundo caótico, onde se formam novas imagens, texturas e incoerências cujo resultado é imprevisível como a vida. Esta fragmentação, segundo o artista, é fundamental para a tensão existente entre o fundo e a pintura.
Para o artista, a pintura funciona como catarse e afirmação social. Uma espécie de ampliação do humano num sentido emancipatório e plural, materializado na solidariedade.
È uma arte de diálogo, experimentação e apropriação de materiais pobres em que, à primeira vista reflecte o caos e que, ao mesmo tempo, nos torna mais humanos.
Alexandre Rola