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Rose Perussi

Back to list Added Jan 25, 2009

Arte Contemporânea Brasileira

Rose Perussi



Luz camaleônica



A luz é um elemento fundamental das artes visuais. A forma como se relaciona com uma obra muda decisivamente sua cor e interfere diretamente na observação. Essa variável se torna o fator primordial das peças de Rose Perussi. A incidência da luminosidade altera o seu trabalho justamente porque sua maior preocupação não é tanto o resultado final, mas sim o processo.

Ao lidar com materiais como tela, cobre, estanho e tintas, estabelece entre esses elementos um pensamento visual que tem a gravura como elemento fundamental do raciocínio. Ao se valer do buril para interferir no metal, instaura um universo de mistérios no qual a fascinação não está numa provável impressão, mas na própria placa gerada pelo labor.

O método de criação é tão particular e surge de uma pesquisa tão pessoal que o mestre Mario Gruber o chamou de Oribombo. O nome, que porta um efeito sonoro que remete ao universo indígena, inclusive no sentido da valorização da intuição do fazer, não pode ser visto como limitador, mas como início de um desdobrar de possibilidades.

Ao partir do desenho, planejar fragmentações, verificar como o metal pode ser inserido em determinadas áreas e combinar esse trabalho com efeitos de pintura que buscam valorizar o diálogo entre os elementos, a artista oferece composições bem articuladas. Trata-se de uma fusão entre a destreza do pensar e a prática do criar.

A presença da figura, seja de mulheres, peixes sugeridos ou vasos de flores constitui muito mais do que uma pesquisa figurativa. Existe a busca de um referencial no qual os efeitos almejados com as múltiplas alternativas de luminosidade atingem infinitas nuanças, que vão do delineamento mais evidente da figura ao seu quase desaparecimento em função das placas de metal que se acendem ou apagam de acordo com as angulações luminosas.

Rose Perussi consegue na sua pesquisa um rigoroso efeito camaleônico de transformações sucessivas em função do meio ambiente. A sua pesquisa fascina justamente por ser um processo de evolução constante rumo aos efeitos que melhor atingem os objetivos plásticos de uma investigadora visual inquieta, que não se cansa de experimentar e criar.



Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

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