vitrais (2010) Pintura por Renato Cardoso

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O impulso criativo para esta obra adveio do fascínio pelos vitrais das catedrais, vistoso mosaico que encanta e comove. O maior desafio na produção desta aquarela veio quando procurei eliminar os traços que imitam as múltiplas molduras que, unidas, constituiriam a integralidade do objeto motivador. Com a exclusão do traçado nítido e geralmente[...]
O impulso criativo para esta obra adveio do fascínio pelos vitrais das catedrais, vistoso mosaico que encanta e comove. O maior desafio na produção desta aquarela veio quando
procurei eliminar os traços que imitam as múltiplas molduras que, unidas, constituiriam a integralidade do objeto motivador. Com a exclusão do traçado nítido e geralmente mais escuro, começa a se esboçar um sentimento que as fronteiras delimitadores foram banidas, dando lugar a fusão parcial da vidraria multicolorida.

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Desde que me lembro, eu parava pertinho da escrivaninha onde meu pai, sob uma luz levemente amarelada, vertia nanquim sobre uma folha branca já com um pouco de água. Uma criança pode parar mais perto de um[...]

Desde que me lembro, eu parava pertinho da escrivaninha onde meu pai, sob uma luz levemente amarelada, vertia nanquim sobre uma folha branca já com um pouco de água. Uma criança pode parar mais perto de um godê do que um adulto. Então eu enfiava o nariz naquela peça cerâmica que mais parecia um porta ovos. E assim, entre uma aguada e outra, enebriado pelo éter das tintas, ia eu arrastado para o país do imaginário. E tudo isso antes do homem vencer a gravidade. A lua era ainda um terreno virgem. Mas, a semente da abstração havia caído no jovem terreno da imaginação. Quarenta anos se passaram sobre o grão adormecido. Porém, mesmo recoberto pelo sedimento das horas, algo buliu com o gérmen, que rompeu a espessa camada aflorando em vigor. Desde então tudo é descoberta nesse vagar vespertino da criação. Nasceu em mim a Aquarela.

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