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Maria Antónia Santos

Voltar para a lista Adicionado dia 29 de mar. de 2006

plaquette de l'exposition de peinture - texto de Maria Teresa Horta

O despojamento.
Sobretudo o despojamento.
Embora o branco do excesso. A cintilação que a aragem que circula invisível ou mesmo o vento imprime a estes quadros de Maria Antónia Santos.
Do espaço anterior, ocupado pelo corpo na sua pintura, resta a sugestão de interior-intimidade dado pelas janelas e palas portas que se entreabrem sugerindo; ou se fecham, impedindo, exactamente, o olhar - nosso olhar - sobre os corpos...
Porque, nestes quadros o importante não é tanto aquilo que se vê, quanto o que habita o interior do silêncio na penumbra das casas: portanto não o real existente e sim o que depende do nosso imaginário.
Mas como disse Lacan. "O imaginário e o real agem ao mesmo nível".
Assim, Maria Antónia Santos sugere tudo recusando tudo ao mesmo tempo; no limite do quotidiano feminino.
Peças de roupa, agora, onde anteriormente fragmentos de corpos?
Linhas, cordas,(cordão umbilical?) ligando que memória do que cobre e sugere o quente, o uterino, ou mãos correndo a lã, contendo o afago sobre a pele...Onde pendura o lavado - livre do sujo - ou se seca já a água do desejo...
Multiplicando.
Multiplicando sempre em infinitas perspectivas diversas, as inúmeras formas (fórmulas) de chegar possivelmente até ao universo da mulher; o universo também da infância, que afinal se esconde nestas casas.
Aceitemos a proposta de Maria Antónia Santos e visitemos o que por ela nos é sugerido.
Porque neste universo, a partir de agora, tudo está dependente do nosso olhar.

Maria Teresa Horta
Lisboa, Fevereiro de 1984

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