O que te inspirou a criar arte e se tornar um artista? (eventos, sentimentos, experiências...)
Minha jornada artística começou na infância. Sempre que via trabalhadores pintando grandes murais nas paredes, eu ficava ali parado e observava por um longo tempo. O efeito mágico da tinta se espalhando pela superfície e a formação gradual de linhas em formas me fascinavam profundamente. A partir daquele momento, me apaixonei pela pintura e comecei a aprendê-la sistematicamente. Representar o que vejo e imagino na tela, transformando-o em obras tangíveis da realidade, tornou-se minha busca ao longo da vida.
Qual é sua formação artística, as técnicas e os temas que você experimentou até agora?
Eu me formei na Academia Chinesa de Artes (CAA).
Costumo usar gradientes de aquarela e técnicas de camadas para capturar a fluidez da luz e da sombra. Por meio de ferramentas como espátulas e pulverização, simulo as texturas e mudanças dinâmicas encontradas na natureza. Além disso, incorporo técnicas mistas para dar às minhas pinturas uma sensação tátil de profundidade.
Meu objetivo é quebrar as fronteiras entre realidade e imaginação, transformando mudanças observadas em luz e sombra, estruturas espaciais ou atmosferas emocionais em formas abstratas cheias de tensão e vitalidade.
Quais são os 3 aspectos que diferenciam você de outros artistas, tornando seu trabalho único?
- O entrelaçamento de sonhos e realidade
Meu trabalho se destaca em misturar sonhos e realidade, apresentando uma experiência visual que parece familiar e desconhecida por meio de formas abstratas. Essa abordagem evoca introspecção e ressonância emocional nos espectadores, preenchendo cada peça com poesia e espaço imaginativo.
- Um equilíbrio entre emoção e forma
Eu me concentro em criar impacto visual combinando delicada expressão emocional com composição estrutural ousada. Cores suaves e linhas fluidas são frequentemente infundidas com tensão e força, alcançando profundidade emocional enquanto se libertam de restrições tradicionais, resultando em um senso harmonioso de contradição.
- Expressão material multifacetada
Sou especialista em usar materiais diversos e variações texturais para fornecer uma experiência sensorial dupla de toque e visão. Ao misturar tintas à base de água, papel alumínio, pigmentos e canetas 3D, meu trabalho revela uma interação única de luz, sombra e profundidade.
De onde vem sua inspiração?
Minhas inspirações são diversas, extraídas de paisagens naturais, detalhes da vida cotidiana, sonhos, experiências de viagem e interações emocionais com outras pessoas.
- Percepção instantânea e reconstrução de imagens
Minhas criações frequentemente derivam de estímulos visuais fugazes na vida cotidiana. Por meio da minha sensibilidade aguçada, capturo esses momentos transitórios, desconstruo e remonto em novas composições abstratas ou semi-abstratas. Esse processo não apenas refina a realidade, mas também recria minhas respostas emocionais internas.
- Fusão de Imagens Existentes e Realidade
No meu trabalho, frequentemente crio um diálogo entre imagens existentes e elementos visuais da realidade. Essa interação gera expressões artísticas inteiramente novas, quebrando as fronteiras de tempo e espaço. Os trabalhos resultantes integram memórias do passado com a autenticidade do presente.
- Gatilhos multissensoriais de viagens
Viajar é uma fonte vital de inspiração para mim. Cada passo que dou, os sons que ouço, as cenas que vejo e as sutis sensações táteis que experimento combinam-se em minha mente para formar imagens únicas. Essas experiências sensoriais e memórias se fundem para infundir meus trabalhos com maior profundidade e narrativa.
- Criatividade inspirada em sonhos
A inspiração frequentemente surge de um estado de sono leve e semiconsciente, onde o consciente e o subconsciente se entrelaçam. Durante esses momentos, memórias e emoções borradas são amplificadas e transformadas em expressões abstratas em minha arte, adicionando um toque de fantasia e imprevisibilidade às minhas criações.
Qual é sua abordagem artística? Quais visões, sensações ou sentimentos você quer evocar no espectador?
Minha filosofia artística é uma jornada contínua de exploração e experimentação, muito parecida com os antigos alquimistas que combinavam inspirações desconhecidas com técnicas diversas para refinar novas experiências visuais.
Por meio do meu trabalho, pretendo evocar ressonância no público, inspirando-os a repensar o mundo e a si mesmos. Nesse processo, busco não apenas efeitos visualmente impressionantes, mas também oferecer aos espectadores uma jornada única de percepção da beleza e exploração do desconhecido.
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Qual é o processo de criação de suas obras? Espontâneo ou com um longo processo preparatório (técnico, inspiração em clássicos da arte ou outros)?
Meu processo criativo se inclina para a improvisação, servindo como um diálogo imediato com inspiração e emoções. Gosto de manter uma mentalidade aberta durante a criação, permitindo que a arte flua naturalmente com meus sentimentos internos e as ferramentas em minhas mãos. Sem planejamento prévio excessivo, cada pincelada e escolha de material carrega uma sensação de exploração. Acredito que essa abordagem improvisada captura os estados emocionais mais autênticos e intuitivos, infundindo meu trabalho com uma vitalidade imprevisível que dá à composição uma sensação única de vivacidade e liberdade.
No entanto, às vezes, concluir uma peça exige um certo nível de análise racional e julgamento para equilibrar emoção e estrutura.
Um momento ou imagem aleatória geralmente desperta minha inspiração, levando-me a uma exploração mais profunda e guiando meu trabalho em novas direções.
Ao mesmo tempo, “erros” ou acidentes inesperados durante o processo criativo frequentemente se tornam os destaques únicos do meu trabalho. Essas imperfeições imbuem a peça com maior vitalidade e distinção.
Você usa alguma técnica de trabalho específica? Se sim, pode explicá-la?
Primeiro, eu me destaco no uso de gradientes de aquarela e técnicas de camadas para capturar mudanças sutis em luz e sombra, bem como para criar profundidade em minhas composições. Essa abordagem me permite criar uma atmosfera visual que é suave e cheia de tensão.
Segundo, eu gosto de enriquecer a textura do meu trabalho por meio de técnicas mistas, combinando materiais como papel alumínio, pigmentos metálicos, canetas 3D e colagem com técnicas tradicionais de pintura. Esses materiais interagem com a luz para produzir ricos efeitos reflexivos, adicionando uma sensação de dinamismo e espacialidade à obra de arte.
Além disso, frequentemente emprego uma técnica improvisada de “geração aleatória”, como respingar tinta ou usar espátulas para criar texturas. Esse elemento de imprevisibilidade às vezes resulta em efeitos visuais inesperados, e esses “acidentes” frequentemente se tornam características definidoras do trabalho e partes integrais de sua expressão emocional.
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Há algum aspecto inovador no seu trabalho? Pode nos dizer quais?
Sim, isso se reflete principalmente na minha exploração da espontaneidade, das experiências sensoriais e da narrativa.
Por meio de técnicas de criação improvisada e geração aleatória, preencho meu trabalho com detalhes inesperados, e essa imprevisibilidade imbui as peças com uma vitalidade única. Além disso, enfatizo experiências multissensoriais, incorporando elementos táteis, luz e sombra, e uma sensação de dinamismo nas composições. Ao borrar os limites entre abstração e realidade, conto histórias abertas por meio do meu trabalho, combinando emoção e memória para despertar a imaginação e a reflexão do espectador. Essa abordagem dá às minhas criações individualidade e profundidade distintas, tanto na forma quanto no conteúdo.
Você tem um formato ou meio com o qual se sente mais confortável? Se sim, por quê?
Sim, sou especialista em criar com aquarela e técnicas mistas. A transparência e a fluidez da aquarela me permitem capturar mudanças sutis em luz e sombra, criando uma atmosfera suave e rica em camadas.
Onde você produz seus trabalhos? Em casa, em uma oficina compartilhada ou em sua própria oficina? E nesse espaço, como você organiza seu trabalho criativo?
Tenho meu próprio estúdio, que parece um laboratório cheio de vários materiais e ferramentas. Eu o organizo em diferentes zonas com base nos estágios da criação: uma área de esboços, uma área de preparação de materiais, um espaço de trabalho criativo e uma área de armazenamento para peças finalizadas. Este espaço serve como meu “playground” para exploração e criação.
Seu trabalho o leva a viajar para conhecer novos colecionadores, para feiras ou exposições? Se sim, o que isso lhe traz?
Sim, viajo com frequência e já participei de várias feiras e exposições. Viajar me expõe a diferentes culturas e paisagens, fornecendo inspiração para minhas criações. Enquanto isso, feiras e exposições me permitem conectar-me diretamente com o público e colecionadores, recebendo feedback valioso.
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Como você imagina a evolução do seu trabalho e da sua carreira como artista no futuro?
No futuro, espero continuar explorando novas formas de expressão artística enquanto participo de mais exposições internacionais. Também aspiro colaborar com criadores de diferentes áreas, explorando as possibilidades de criações interdisciplinares.
Qual é o tema, estilo ou técnica da sua última produção artística?
Minhas últimas criações artísticas giram em torno do entrelaçamento de emoção e natureza, expressas por meio de formas abstratas e semi-abstratas que fundem sentimentos internos com observações externas.
Meu trabalho recente é inspirado em memórias de paisagens montanhosas da minha viagem à Geórgia.
Você pode nos contar sobre sua experiência mais importante em uma exposição?
Minha experiência de exposição mais significativa foi minha exposição de arte solo, Norhor, realizada em Hangzhou, com o tema “Imaginação Materializada”.
Se você pudesse ter criado uma obra famosa na história da arte, qual escolheria? E por quê?
Se eu pudesse recriar uma obra de arte famosa da história da arte, escolheria TURBINE. TYGER TYGER BURNING BRIGHT., 2024 , da Sterling Ruby. Esta peça, com seus contrastes de cores ousados, texturas ricamente em camadas e composição tipo colagem, mostra as infinitas possibilidades da arte abstrata ao mesmo tempo em que proporciona um poderoso impacto visual e expressão emocional.
Eu escolheria esta obra porque ela apresenta um forte senso de dinamismo e fluxo de energia em sua forma, ao mesmo tempo em que transmite reflexões profundas sobre a natureza e as emoções humanas. O choque intenso de vermelho, azul e dourado na composição lembra a fusão de chamas e corpos celestes, oferecendo aos espectadores uma experiência visual que parece familiar e estranha. O uso de técnicas de colagem e materiais diversos aumenta a profundidade narrativa e a complexidade da peça.
Além disso, o título da obra de arte faz referência ao poema The Tyger , de William Blake, adicionando camadas literárias e filosóficas à peça. Ela explora a tensão entre as forças da natureza e a civilização humana, simbolizando tanto a paixão quanto a criatividade, assim como o potencial para destruição e introspecção.
Por meio de tal trabalho, eu almejaria criar uma arte que falasse diretamente às emoções mais íntimas do público, proporcionando tanto impacto sensorial quanto estimulando a contemplação profunda da vida e da existência. Este é precisamente o objetivo artístico que eu me esforço para atingir.
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Se você pudesse convidar um artista famoso (vivo ou morto) para jantar, quem seria? Como você sugeriria que ele passasse a noite?
Se eu pudesse convidar um artista para jantar, eu escolheria Sterling Ruby. Seus trabalhos me cativam com seus materiais, formas e percepções sociais, e eu adoraria a oportunidade de discutir sua filosofia e processo criativo.
Naquela noite, eu sugeriria começar com uma discussão sobre suas obras, como TURBINE. TYGER TYGER BURNING BRIGHT., 2024. Eu gostaria de aprender como ele usa materiais e composição para transmitir emoções e abordar questões sociais, bem como sua perspectiva sobre o futuro da arte. Eu também compartilharia minhas próprias ideias criativas e discutiria a importância da arte abstrata em contextos contemporâneos.
Se possível, adoraria colaborar em uma criação improvisada depois do jantar, misturando suas técnicas multimídia com meu estilo artístico. Isso tornaria a noite não apenas uma conversa, mas também uma prática de criação e uma colisão inspiradora de ideias.