Pedro Varela_Sonho_ (2022), Pedro Varela, pintura acrílica 400x680 cm
Pontos-chave
Curadora : Maria do Mar Guinle, especialista em arte contemporânea brasileira, assessora colecionadores e galerias há quase 20 anos.
Temas : exploração geométrica e poética, barroco e cores, histórias oníricas, memória e ancoragem, questões ambientais.
Experiência : imersão sensorial e emocional, estímulo à reflexão sobre o mundo contemporâneo.
A exposição virtual imaginada por Maria do Mar Guinle não é uma simples mostra de obras: constitui uma jornada sensível pelas múltiplas faces da arte brasileira. Curadora e consultora de arte radicada em Paris, Maria do Mar dedica sua energia há quase vinte anos a revelar a vitalidade e a diversidade da cena artística de seu país natal.
Formada em relações internacionais pela Universidade Tufts, depois em história da arte pelo Instituto Sotheby's e pelo Instituto Courtauld, em Londres, fundou a Galeria MdM entre 2011 e 2016, a única galeria na França dedicada exclusivamente à arte contemporânea brasileira. Hoje, assessora colecionadores e instituições, seguindo uma abordagem curatorial instintiva: "Para apreciar arte, é preciso, antes de tudo, sentir uma emoção."
Saiba mais sobre Maria di Mar Guinle
Entre a geometria e a poesia visual
A exposição abre com as pinturas de Julio Villani , artista paulistano que vive entre Paris e sua cidade natal. Em "Plataformas" (2021) e "Limites da Razão #2" (2021), seus paralelepípedos geométricos parecem desenhar os contornos de uma cidade imaginária. Suas composições coloridas, nutridas por desenhos e formas simples, oscilam entre o rigor arquitetônico e o devaneio.
Na intersecção entre arte e arquitetura, as esculturas de Ana Holck ampliam essa exploração do espaço. Suspensos IV (2025) e Axioma I (2024) utilizam volumes de cerâmica e aço inoxidável, como se estivessem suspensos em um equilíbrio frágil. Sua mobilidade e leveza conferem a essas obras uma dimensão ao mesmo tempo aérea e meditativa.
Suspensos IV (2025) Escultura de Ana Holck
Um universo barroco e abundante
A pintura de Renata Egreja explode de vitalidade. Em suas telas recentes ( Sem título , 2023; Bago , 2023), formas vegetais, cores saturadas e fragmentos de corpos femininos se misturam em uma profusão barroca. A alegria visual que emerge é acompanhada por uma reflexão sobre o corpo e a sensualidade, celebrada por meio de uma pintura livre e festiva.
Paisagens fragmentadas e histórias oníricas
Com Pedro Varela , o espectador é imerso em mundos onde a narrativa é desconstruída. Sonheiro (2022) é uma instalação em movimento, composta por fragmentos pintados colados em compensado e dispostos a diferentes distâncias da parede. Essa lógica fragmentária, que evoca nossos sonhos despedaçados tanto quanto a dispersão digital das redes sociais, confere à obra um caráter vivo e evolutivo. Em Sem Título (da série noturna) (2025), o artista revisita a tradição pictórica colonial para criar uma visão noturna e psicodélica dos trópicos.
Sem título (da série noturna) (2025), Pedro Varela, Pintura acrílica, 180x200 cm
Memória, ancoragem e transmissão
A força terrena das obras de Daniel Nicolaevsky ressoa com história e identidade. Em Motherland (Brown) (2024), bronze, ébano e conchas de cauri se combinam para representar fertilidade, proteção e memória ancestral. Cada peça, resultado de uma colaboração entre o escultor franco-brasileiro e um mestre fundador burquinense, carrega uma dimensão espiritual e pan-africana. Com Berceau du Monde (2023), uma instalação imersiva apresentada no Tignous Center for Contemporary Art, Nicolaevsky confronta o espectador com a devastação ecológica e humana do Plantationoceno, em uma obra que desafia tanto quanto cativa.
A urgência de uma perspectiva ecológica
Refúgio, Rio Negro, Amazonas. (2019), Gleeson Paulino, Fotografia, 75x50 cm
Por fim, as fotografias de Gleeson Paulino remetem, com delicadeza e força, à nossa frágil conexão com o meio ambiente. Em Alvorada, Rio Negro, Amazonas (2018), o corpo de uma mulher imerso nas águas negras do Amazonas dialoga com seu reflexo, evocando purificação e renascimento. Em Refúgio (2019), uma árvore solitária e uma figura humana escapam da elevação das águas, uma imagem pungente de precariedade ecológica.
Por meio desta seleção, Maria do Mar Guinle ilustra a riqueza das práticas artísticas brasileiras: uma oscilação entre rigor e liberdade, memória e modernidade, comprometimento e poesia. Cada obra nos convida a sentir, refletir e nos abrir para a pluralidade de mundos possíveis.
A arte, aqui, não é apenas um espelho do presente: ela se torna um espaço de transformação, ressonância e encontro - consigo mesmo, com os outros, com a natureza.
Perguntas frequentes
Quem é Maria do Mar Guinle?
Curadora e consultora de arte baseada em Paris, especializada em arte contemporânea brasileira, ela apoia artistas, galerias e colecionadores há quase 20 anos e fundou a Galeria MdM.
Qual é a especificidade da sua seleção?
Ela destaca a diversidade e a riqueza da arte brasileira, com obras que oscilam entre a emoção, a poesia, a memória e a reflexão ecológica ou social.
Que tipos de trabalhos são apresentados?
Pinturas abstratas e figurativas, esculturas aéreas e móveis, instalações imersivas e fotografias poderosas.
Quem são os artistas principais desta seleção?
Julio Villani, Ana Holck, Renata Egreja, Pedro Varela, Daniel Nicolaevsky e Gleeson Paulino.