O polêmico ícone de Stalin abençoado por Santa Matrona provoca tensões na Geórgia

O polêmico ícone de Stalin abençoado por Santa Matrona provoca tensões na Geórgia

Jean Dubreil | 16 de jan. de 2024 2 minutos lidos 0 comentários
 

Uma pintura na Catedral da Santíssima Trindade de Tbilisi, representando Santa Matrona de Moscou abençoando Joseph Stalin, gerou polêmica na Geórgia, aumentando as tensões entre fundamentalistas de direita e ativistas pró-europeus. O ícone foi desfigurado com tinta azul, provocando protestos e uma investigação policial, refletindo profundas divisões sociais sobre a identidade histórica e religiosa da Geórgia.


Em Tbilisi, Geórgia, na Catedral da Santíssima Trindade, uma pintura tornou-se centro de controvérsia significativa. Esta obra de arte retrata Santa Matrona de Moscou, uma reverenciada santa ortodoxa russa conhecida por suas habilidades visionárias e de cura, abençoando Joseph Stalin, o famoso ditador soviético. Stalin, nascido na Geórgia, é uma figura controversa devido ao seu papel na morte de milhões de pessoas sob o seu regime.

Este ícone alimentou uma divisão crescente na sociedade georgiana, especialmente entre fundamentalistas de direita e apoiantes do partido governante Georgian Dream e aqueles que defendem laços mais estreitos com a Europa. A polêmica se intensificou em 9 de janeiro, quando o ícone, protegido por um vidro, foi desfigurado com tinta azul. A questão ganhou atenção depois que um padre dissidente a destacou nas redes sociais no dia 6 de janeiro, véspera de Natal Ortodoxo.

A situação piorou quando membros do Alt Info, um movimento de extrema direita conhecido por se opor aos direitos LGBTQ+, manifestaram-se em frente à casa de Nata Peradze, uma activista que admitiu o vandalismo e está a fazer campanha pela remoção do ícone. A polícia georgiana considera este incidente um pequeno ato de vandalismo.


A história de Joseph Stalin, nascido Iosif Dzhugashvili em Gori, Geórgia, em 1879, acrescenta complexidade a esta controvérsia. A jornada de Stalin ao poder começou num seminário ortodoxo em Tbilisi, hoje um museu de arte.

Santa Matrona de Moscou, retratada na pintura, era uma mulher cega que morreu em 1952 e tornou-se amplamente venerada na década de 1990, com suas relíquias atraindo enorme devoção a Moscou. As lendas sugerem que Stalin a consultou durante a Segunda Guerra Mundial, quando Moscou estava sob ameaça dos nazistas.

Uma pintura semelhante em São Petersburgo, na Rússia, também representando Matrona e Stalin, causou um escândalo em 2008 e foi posteriormente removida. A Igreja Ortodoxa Georgiana emitiu declarações contraditórias sobre a pintura de Tbilisi, que foi limpa e transferida para um local mais visível na catedral.

A controvérsia em curso foi ainda alimentada pelo partido político pró-Rússia da Geórgia, a Aliança dos Patriotas, que alegou ter doado o ícone à catedral. A comparação de Stalin no ícone com o imperador romano Diocleciano nas representações de São Jorge matando o dragão complica ainda mais a narrativa.

O incidente deu origem a vários memes e reações públicas, incluindo um apresentando John Travolta de Pulp Fiction no lugar de Stalin com Santa Matrona, refletindo as respostas diversas e muitas vezes satíricas a esta questão controversa.


Ver mais artigos
 

ArtMajeur

Receba nossa newsletter para amantes e colecionadores de arte