Gérard Depardieu: uma coleção de arte eclética

Gérard Depardieu: uma coleção de arte eclética

Selena Mattei | 25 de ago. de 2023 6 minutos lidos 0 comentários
 

Gérard Depardieu, famoso ator francês, revela a sua paixão artística através de uma variada coleção de obras de arte, que vão desde esculturas clássicas a peças contemporâneas. Como mecenas empenhado, também contribuiu para a preservação do património cultural, ao mesmo tempo que reflecte o seu profundo apego à expressão criativa.

Gérard Depardieu em 2015, crédito: 9EkieraM1 via Wikipedia

Gérard Depardieu

Gérard Depardieu, nascido em 27 de dezembro de 1948 em Châteauroux (França), é um renomado ator francês. Vindo de uma origem modesta, descobriu sua paixão pelo teatro durante sua tumultuada juventude. Após sua estreia em uma trupe de teatro em Châteauroux, mudou-se para Paris na década de 1960 para ter aulas de teatro no "Cours Florent".

Sua descoberta veio com sua atuação no filme "O Último Metrô" (1980) de François Truffaut, que lhe rendeu um César de melhor ator. A sua colaboração com o realizador Bertrand Blier, em particular com os filmes "Préparez vos mouchoirs" (1978) e "Too beautiful for you" (1989), consolida-o como um ator versátil.

Ele alcançou fama internacional com o drama histórico “Green Card” (1990), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Sua prolífica carreira inclui vários filmes como “Cyrano de Bergerac” (1990), que lhe rendeu um prêmio de interpretação em Cannes, e “Les Miserables” (1995), adaptação cinematográfica do romance de Victor Hugo.

A sua presença imponente e profundidade emocional fazem dele uma figura essencial no cinema francês e internacional. A sua vida pessoal é marcada por sucessos e controvérsias, incluindo múltiplos casamentos e disputas fiscais com o governo francês. Apesar destes altos e baixos, Gérard Depardieu continua a ser um ator lendário, continuando o seu trabalho no cinema e na televisão.

O coletor

Gérard Depardieu também é conhecido como um ávido colecionador de arte. Seu fascínio pela arte o levou a acumular uma extensa coleção de obras de arte ao longo dos anos. Sua coleção abrange uma variedade de estilos, épocas e meios artísticos.

Interessa-se particularmente pela pintura, escultura e fotografia, e os seus gostos ecléticos reflectem-se nas peças que adquiriu. A sua notoriedade e prolífica carreira permitiram-lhe colaborar com vários artistas e galerias, o que lhe ofereceu a oportunidade de descobrir e adquirir obras de arte excepcionais.

Seus gostos artísticos são conhecidos por serem diversos, indo da pintura clássica à fotografia contemporânea. Diz-se que ele adquiriu obras de artistas como Pablo Picasso, Marc Chagall, Zao Wou-Ki e fotógrafos como Henri Cartier-Bresson.

Entre os tesouros artísticos que colecionou ao longo dos anos está uma escultura emblemática: “The Walking Man”, um imponente bronze realizado por Germaine Richter (1902-1959). Esta escultura tornou-se quase inseparável do ator, simbolizando talvez a sua própria caminhada através de papéis e épocas. O seu valor, estimado entre 500.000 e 800.000 euros, atesta a raridade e o significado desta peça excepcional.

O universo artístico de Depardieu estende-se também à pintura, como evidencia o fascinante óleo intitulado "Azul claro com tarefas pesadas", criado por Olivier Debré (1920-1999). Esta obra, avaliada entre 25.000 e 30.000 euros, capta a complexidade das emoções através de formas e cores vibrantes, deixando transparecer o diálogo interior do artista.

A coleção de Depardieu também abriga esculturas que personificam amizades artísticas duradouras. "La promenade des amis", delicado bronze esculpido por Diego Giacometti (1902-1985), encarna a essência dos laços criativos que uniam o ator a este gênio artístico. Esta peça, avaliada entre 150.000 e 200.000 euros, é um testemunho tangível da riqueza das relações no mundo da arte.

Entre as joias pictóricas está uma pintura que exala alegria e vivacidade: “A Vaca Amarela” de Nikki de Saint Phalle (1930-2002). Esta impressionante pintura, avaliada entre 50.000 e 70.000 euros, é uma explosão de cor e energia, talvez refletindo o temperamento dinâmico do próprio Depardieu.

Nesta coleção descobrimos também nomes que marcaram a história da arte: as obras de Alexander Calder, Joan Miró, Ossip Zadkine, Eugène Leroy e Henri Michaux misturam-se harmoniosamente, criando um conjunto rico e variado que atesta a sensibilidade e o discernimento artístico de Depardieu.


Depardieu decidiu vender 90% de sua coleção

Em setembro de 2023, a coleção de arte de Gérard Depardieu, composta por cerca de 250 obras entre esculturas, pinturas e desenhos, será leiloada no Hôtel Drouot em Paris. Esta coleção destaca a surpreendente paixão do ator pelos movimentos artísticos do século XX e contém peças notáveis de artistas como Rodin, Hartung, Eugène Leroy e outros.

Entre as obras mais esperadas à venda estão "L'homme qui marche" de Germaine Richier, uma impressionante escultura em bronze datada de 1961 (estimada entre 500.000 e 800.000 euros), bem como várias esculturas de Rodin adquiridas depois de Depardieu ter encarnado o escultor no filme "Camille Claudel". Destaca-se também uma composição de Hans Hartung datada de 1971 (estimada entre 50.000 e 80.000 euros).

A coleção também contém alguns itens surpreendentes, incluindo um conjunto de 23 pinturas de Eugène Leroy (estimadas entre 30.000 e 50.000 euros cada) e obras de Henri Michaux. Uma pintura notável, "Azul claro com tarefas pesadas" de Olivier Debré datada de 1965 (estimada entre 25.000 e 30.000 euros), confirma o interesse de Depardieu pela abstração lírica.

O segundo leiloeiro, Xavier Dominique, sugere que os motivos desta venda podem ser múltiplos, incluindo a saúde de Depardieu, que precisa de “relaxar” aos quase 75 anos, bem como considerações jurídicas. O estudo Ader trabalhou em estreita colaboração com o ator na preparação para esta venda, revelando que Depardieu tinha uma relação especial com a sua coleção, empilhando as obras em todas as salas sem molduras, mas com conhecimento preciso de cada peça.

A estimativa global da coleção situa-se entre 3 e 5 milhões de euros, baseada apenas no valor de mercado das obras, mas o apelo do nome de Depardieu pode potencialmente levar a um aumento do interesse. Apesar da oportunidade de apresentar a coleção anonimamente, Depardieu optou por não esconder o seu envolvimento nesta coleção excepcional.

9 coisas incongruentes para saber

  1. Coleção Heteróclita: Gérard Depardieu é conhecido por sua variada coleção de arte que vai desde obras clássicas até peças contemporâneas. A sua paixão levou-o a coleccionar esculturas, pinturas e até desenhos, reflectindo o seu ecletismo artístico.

  2. A Catedral e o Ator: Além de ator, Depardieu também é mecenas. Ele contribuiu para a restauração da catedral Notre-Dame de Tournai, na Bélgica, após um incêndio. Prova de que sua paixão pela arte não se limita ao seu próprio acervo.

  3. Peças de Cinema: Seu acervo não se limita às obras de arte tradicionais. Há também peças do mundo do cinema, como figurinos dos seus filmes ou objetos relacionados com os seus papéis emblemáticos.

  4. Arte nos cantos: Apesar de sua paixão, Depardieu não parece ter pendurado suas obras na parede. Em vez disso, as pinturas eram frequentemente empilhadas nos cantos dos seus quartos, formando uma espécie de instalação artística espontânea.

  5. Gosto pela Abstração Lírica: Seu acervo inclui obras de artistas pertencentes ao movimento da abstração lírica, corrente artística que privilegia as emoções e as expressões espontâneas. Essa predileção diz muito sobre sua ligação com a arte visceral.

  6. Do Bronze ao Cartão: Sua coleção inclui uma grande variedade de suportes, desde esculturas em bronze até obras em papelão. Isto mostra a sua abertura a diferentes formas de expressão artística.

  7. Uma Marca da História: A coleção de Depardieu não é simplesmente um acúmulo de obras, mas também conta a história dos artistas que apoiou e dos movimentos artísticos pelos quais se interessou.

  8. Equilíbrio entre nomes famosos e desconhecidos: sua coleção reflete um equilíbrio entre nomes famosos como Rodin e artistas menos conhecidos como Eugène Leroy, destacando seu apreço pela arte em todas as suas formas.

  9. Arte como fuga: Como ator e homem público, Depardieu tem estado frequentemente sob os holofotes. Sua paixão pela arte pode ser vista como uma fuga, uma forma de se conectar consigo mesmo e se expressar fora dos papéis que desempenha.

Citações

  • “A arte é a única forma de correr em direção à emoção sem correr o risco de cair.”

  • “Toda obra de arte é uma conversa entre o artista e o espectador.”

  • "A arte expressa o que as palavras nem sempre conseguem transmitir."

  • "Os artistas pintam com as emoções e esculpem com a alma."

  • “A arte é uma janela para o espírito criativo da humanidade.”

  • “A arte nos lembra que a beleza pode ser encontrada nos lugares mais inesperados.”

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