Nevoeiro (Mariana Parreira Cano, Serpa) (2005) Pintura por António Amaralgomes

- Quando fui jovem e o mundo era mundo, quando eu tinha ainda todas as certezas em mim, em relação a mim e a tudo o resto, cheio do meu ingénuo e inocente ser, em que o ar era limpo e cristalino, e a luz era intensa e fazia brilhar o pensamento mais absurdo que me ocorresse. Nesse tempo eu ainda não era eu. Só depois das certezas que o tempo fez desaparecer, da poeira que encheu o ar e a luz que deixou de brilhar, é que a inocência e a ingenuidade  se fizeram conscientes. Só agora ausente de certezas vejo com mais clareza e nitidez o mundo e eu nele, só agora sou mais eu do que alguma vez fui, aprendi a ver a beleza onde ela não existia, criei a luz e inventei a lente de ver por entre as particulas e sei que a poeira nunca assentará.

• Nacionalidade: PORTUGAL
• Data de nascimento : 1965
• Domínios artísticos:
• Grupos: Artistas Portugueses Contemporâneos