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Sérgio Pinheiro

Voltar para a lista Adicionado dia 8 de dez. de 2007

OS AMBULANTES p/ Airton Monte

Airton Monte CRÔNISTA, POETA, ESCRITOR
Desde velhos carnavais, Sérgio Pinheiro vem me falando acerca de uma exposição de fotos e telas sobre o tema "Os Ambulantes" e tudo demorou tanto a se concretizar que eu já nem me lembrava mais do assunto em pauta. Entanto, para meu devido espanto, eis-me aqui observando na telinha do computador esta maravilhosa sucessão de personagens, brasileiros como nós, cearenses com nós,todos a defenderem o pão de cada dia com seus mais variegados ofícios, alguns até em vias de extinção, pois o progresso deve restar acima de tudo.
O catador de lixo, puxando sua carroça como se um bicho fosse, um animal de tração, de carga e seu fedido riquixá. O palhaço vendedor de pirulitos enfiados em buraquinhos numa tábua à moda antiga me traz de volta um bom pedaço de infância. Pois é, meu amigo Sergio Pinheiro conseguiu afinal levar seu poético plano ao fim e ao cabo. As telas são de cores fortes e traços simples como simples e forte é o desenho da vida e do coração do homem, mais não sei o que nem como dizer, porque sou, confesso, um completo analfabeto em artes plásticas.
Entanto, talvez por vício de minha profissão de cronista de jornal, esta exposição me parece uma coleção de crônicas sobre o cotidiano rotineiro da cidade, que ora toma ares de metrópole, ora vai revelando em suas praças centrais e na periferia, este lirismo ainda não perdido de província. Há poucos artistas plásticos no Ceará por quem tenho admiração, Sérgio Pinheiro é um deles, pela simplicidade com que resolve os problemas complexos da arte. Uma tela é uma tela é uma tela, jamais uma maldita instalação, que de arte não tem nada, nem o nome.
Os Ambulantes infestam as ruas, as calçadas da cidade e seu único medo é o rapa. Sérgio pinheiro percebeu e desvelou a alma esconsa e atormentada de uma gente que vive do que vende, que nem o próprio artista. Os camelôs fogem do rapa, já no caso dos artistas, o rapa é a crítica maldosa, perversa, pervertida. Na verdade, somos todos ambulantes neste mundo e vivemos arrastando nossa alma dentro desse invólucro mortal e banal a que chamamos de corpo. Sérgio Pinheiro viu, sacou, foi lá, fotografou, pintou. O que mais dele querer senão a sua arte?

Artmajeur

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